EM NOME DE QUEM DEVO ME BATIZAR?

Batismo Bíblia

Qual é o batismo ensinado em Mateus 28:19?

O batismo em Mateus 28:19

O texto de Mateus 28:19, na forma em que se encontra nas traduções atuais da Bíblia é por muitas pessoas utilizado como evidência de que devamos batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Todavia, ao ler na palavra inspirada como os discípulos cumpriram a ordem de Jesus, algo intriga o pesquisador sincero: “Respondeu-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo  para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo.” Atos 2:38.

Pedro pregou o arrependimento e conclamou aos judeus para que fossem batizados em nome de Jesus. Vemos que Jesus ordenou pregar o arrependimento em Seu nome, no livro de Lucas: “Jesus… lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras; e lhes disse: Assim está escrito que o Cristo havia de padecer e ressuscitar dentre os mortos no terceiro dia e que em Seu nome se pregasse arrependimento para remissão de pecados a todas as nações, começando de Jerusalém.” Lucas 24:44-47.

Pedro pregou o arrependimento em nome de Jesus, conforme o texto de Lucas, acima. E apelou para os crentes para que se batizassem em nome de Jesus, o que não está em harmonia com a ordem que aparece nas versões atuais de Mateus 28:19. Abençoou Deus tal apelo de Pedro? Segundo a Escritura, sim: “ …Então, os que lhe aceitaram a palavra foram batizados, havendo um acréscimo naquele dia de quase três mil pessoas. … Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos.” Atos 2: 41, 43.

E esse não foi o único registro de um batismo feito em nome de Jesus (leia também Atos 8:16; 19:1-5). Sabemos que Deus nunca abençoa os esforços do homem quando ele está em desobediência aberta. Como pode ser então que, tendo Jesus ordenado que se batizasse em nome de três em Mateus 28:19, Pedro anunciasse outro batismo e fosse bem sucedido? Abençoaria Deus a desobediência? A resposta é: Ele não o faria, a menos que, ao batizar em nome de Jesus, Pedro estivesse cumprindo exatamente a ordem que Cristo lhe deu. Neste caso, o original de Mateus 28:19 não pode ser o que conhecemos nas Bíblias atuais. O texto atual deve ser resultante de uma deturpação do original feita em alguma época do passado. Ao investigar o assunto, encontramos evidências. Antigos escritos de Eusébio de Cesaréia apresentam transcrições diferentes de Mateus 28:19. A relevância do fato de dá por Eusébio ser o depositário das cópias mais antigas  da Bíblia, e responsável pela maior biblioteca de seu tempo. Seguem algumas referências de peso sobre Eusébio e sua obra:

“F. C. Conybeare, no Hibbert Journal, Outubro, 1902
‘Dos autores dos testemunhais escritos do texto do Novo Testamento segundo se encontravam nos Manuscritos Gregos de 300-340 D.C., nenhum é tão importante quanto Eusébio de Cesaréia, pois ele viveu na maior Biblioteca Cristã daquela época, aquela que Origenes e Pamphilius, nominadamente, coletaram. Não é exagero dizer que a partir desta simples coleção de manuscritos em Cesaréia deriva a maior parte da literatura ante-Nicênica remanescente. Nesta Biblioteca, Eusébio deve ter manuseado habitualmente códigos dos evangelhos duzentos anos mais antigos que o mais antigo dos grandes manuscritos que temos agora em nossas bibliotecas’.”. (grifos nossos) (Fonte: A Closer Look at Matthew 28:19, A Study In Textual Criticism, Edited By Mark Kennicott, 2000, pág. 13).

“Mosheim, em uma nota editorial de rodapé
‘Eusebius Pamphili, Bispo de Cesaréia na Palestina, um homem de vasto conhecimento e erudição, e que adquiriu fama imortal por seus trabalhos em história eclesiástica, e em outros ramos do conhecimento teológico. … até cerca de 40 anos de idade ele viveu em grande intimidade com o mártir Pamphilius, um homem instruído e devoto de Cesaréia, e fundador de uma extensa biblioteca ali, da qual Eusébio derivou seu vasto conhecimento’.

Dr. Wescott, em ‘General Survey’, pag. 108
‘Eusebio, a cujo zelo nós devemos a maior parte da história conhecida do Novo Testamento’.

Peake Bible Commentary, pág. 596
‘O mais importante escritor no primeiro quarto do quarto século foi Eusébio de Cesaréia… Eusébio era um homem de pouca originalidade ou juízo independente. Mas ele era grandemente versado na literatura Grega Cristã do segundo e terceiro séculos, parte da qual está irreparavelmente perdida, e as gerações subseqüentes têm um grande débito para com sua honesta, e algumas vezes não pouco prejudicada, erudição’…

Mosheim, novamente, em uma nota editorial
‘Eusébio  era um historiador imparcial, e teve acesso aos melhores auxílios para compor uma correta história, segundo sua época permitia’.” (Fonte: A Closer Look at Matthew 28:19, A Study In Textual Criticism, Edited By Mark Kennicott, 2000, págs. 12 e 13).

Críticos textuais denunciam o texto atual de Mateus 28:19 como resultado de uma falsificação dos originais. E o fazem com base nas obras de Eusébio. Segue a história:

“No seu ‘Textual Criticism of the New Testament’ Conybeare escreve:

‘É claro, portanto, que dos manuscritos os quais Eusébio herdou do seu predecessor, Pamphilius, em Cesárea, na Palestina, alguns ao final preservaram a passagem original, nos quais não havia nenhuma menção do batismo em nome do Pai, Filho e Espírito Santo. Foi conjecturado por Dr. Davidson, Dr. Martineau, pelo Decano de Westminster, e pelo Prof. Harnack (para mencionar alguns nomes dentre muitos) que o texto recebido aqui não poderia conter as próprias palavras de Jesus; isso muito antes de ninguém, exceto Dr. Burgon, que manteve a descoberta para si, ter notificado a forma do texto apresentada por Eusébio’.” (grifos nossos) (Fonte: A Closer Look at Matthew 28:19, A Study In Textual Criticism, Edited By Mark Kennicott, 2000, pág. 15).

“De acordo com o editor do Christadelphian Monastshefte, Eusébio, entre seus muitos outros escritos, compilou uma coleção de textos corrompidos das Santas Escrituras, e ‘a mais séria de todas as falsificações denunciadas por ele é sem dúvida a tradicional passagem de Mateus 28:19.’…

De acordo com Conybeare:

‘Eusébio cita este texto (Mat. 28:19) vez traz vez em obras escritas entre os anos 300 e 336, nominadamente em seus longos comentários sobre Salmos, Isaías, sua Demonstratio Evangélica, sua Theophany… em sua famosa história da Igreja… Eu tenho, após uma pesquisa moderada nestas obras de Eusébio, encontrado dezoito citações de Mateus 28:19, e sempre da seguinte forma:

‘Ide e fazei discípulos de todas as nações em meu nome, ensinando-os a observar todas as coisas, tudo o que Eu vos ordenei’

… E Eusébio não se contentou meramente em citar o verso nesta forma, mas ele mais de uma vez comenta sobre ele em uma forma tal que parece querer mostrar quanto ele fixou-se pelas palavras ‘em meu nome’. Assim, em sua Demonstratio Evangélica, ele escreve como segue (col. 240, p. 136):

‘Mas ele não os ordenou ‘fazer discípulos de todas as nações’ simplesmente e sem qualificação, mas com a adição essencial ‘em meu nome’. Pois tão grande era a virtude vinculada a este apelo que o Apóstolo diz, ‘Deus lhe deu um nome acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho no céu, e na terra, e sob a terra’. Estava certo, portanto, que ele deveria enfatizar a virtude do poder residente em seu nome, mas escondido de muitos, e por isso diz aos seus Apóstolos, ‘Ide, e fazei discípulos de todas as nações em meu nome’.” (grifos nossos) (Fonte: A Closer Look at Matthew 28:19, A Study In Textual Criticism, Edited By Mark Kennicott, 2000, págs. 13, 14)

O trabalho de Eusébio nos mostra que, segundo os textos originais, a ordem de Jesus foi para que batizassem em Seu nome. Escritos deste mesmo autor, posteriores ao concílio de Nicéia apresentam o texto segundo as versões modernas atuais (batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo). Neste concílio foram lançadas as bases para a introdução, de forma oficial, da doutrina da trindade na igreja cristã. E é evidente a influência de Nicéia sobre Eusébio. Verifica-se que houve uma adulteração intencional no texto de Mateus 28:19, a fim de fazer a Bíblia dar respaldo à doutrina decidida por voto do concílio. Tudo isso, por influência do imperador Constantino, o mesmo que decretou pela primeira vez que os cristãos deveriam observar o dia de adoração pagã como sagrado. – o domingo. Para quem não sabe, domingo vem do latin “dominvs” e significa “dia do senhor deus, o sol”.

Não há nenhum relato na Bíblia de um batismo realizado em nome de Pai, Filho e Espírito Santo, conforme apresentado nas traduções modernas de Mateus 28:19. Todos os relatos apresentam batismos feitos em nome de Jesus Cristo. Só isso já seria evidência suficiente para o pesquisador sincero. Como se não bastasse, a história acrescenta peso de evidência a favor do batismo conforme ensinado em Atos. E não só a contada pelos eclesiásticos, mas também a bíblica.

Analisemos a que se segue:

“Paulo, … chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos, disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo. Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados, então? E eles disseram: No batismo de João. Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo. E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam.” Atos 19:1-6. (Bíblia Versão Almeida Revista e Atualizada)

A passagem acima relata o caso de alguns crentes em Éfeso que haviam recebido o batismo de João, o batista. Eles disseram a Paulo: “nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo”. É evidente, portanto, que não foram batizados em nome do Pai, Filho e Espírito Santo. Se tivessem sido, certamente teriam ouvido falar do Espírito Santo. Então, eles foram “batizados em nome do Senhor Jesus” e “veio sobre eles o Espírito Santo” e falavam em línguas e profetizavam. O próprio céu reconhecia o batismo em nome de Jesus. Os discípulos não batizavam em nome de Jesus por ser este o nome em disputa com os judeus, mas sim o faziam em obediência à ordem de Cristo.

As transcrições das obras de Eusébio onde se lê “batizando-os em Meu nome” em Mateus 28:19, não são fruto do acaso. São a expressão da verdade da época. Esta encontrava-se disponível nos originais bíblicos, mas foi intencionalmente coberta e trocada por um texto formulado por homens, o qual serviu e ainda serve de base para sustentar o erro que tantos advogam – o batismo falso. Mas, ainda que esta mudança tenha sido feita milênios atrás, isso não a valida aos olhos de Deus. A verdade é mais antiga – Sua, eterna e imutável. E permanecerá assim, resistindo ao teste da investigação dos mais perspicazes pesquisadores e convencendo todos os sensatos e sensíveis a ela. Permanecerá, poderosa e salvadora para todos os que a abracem. Brilhará, ainda que a princípio de forma tênue, como o veio de ouro recém encontrado em meio ao barro da mina. Mas aumentará seu brilho, na medida em que os escavadores da verdade a limparem da escória das teorias humanas falsas e a colocarem sob a luz do dia, brilhando para que todos a possam ver. Assim iluminará o mundo com seu brilho, e beneficiará a todos os que de coração sincero a desejarem receber. “quem pratica a verdade vem para a luz” João 3:21.

Portanto, conclamamos todo cristão sincero para receber e proclamar a verdade original das Escrituras, as palavras de Jesus:

“Portanto, ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em Meu nome” Mateus 28:19.

Deus te abençoe,

Pr. Jairo Carvalho

 

Nota adicional para os estudantes leigos:

Não é necessário conhecer o idioma original, nem ter estudado teologia para perceber que o texto de Mateus 28:19 segundo as versões modernas está mal traduzido. Um estudo cuidadoso, com oração, comparando passagem com passagem, dos textos da Bíblia que temos em nosso próprio idioma nos leva à verdade. Este é o método de investigação infalível:

“Porque é preceito sobre preceito, preceito e mais preceito; regra sobre regra, regra e mais regra; um pouco aqui, um pouco ali.” Isaías 28:10.

Portanto nem seria necessário demonstrar pela arqueologia que as transcrições das obras de Eusébio de Cesaréia, apresentadas acima, são mais fidedignas do que as traduções bíblicas atuais que apresentam o batismo em nome do Pai, Filho e Espírito Santo. A própria verdade apresentada nas passagens bíblicas relacionadas com o tema mostra que, das duas versões, a de Eusébio (batizando-os em Meu nome) é a única que pode estar correta. Pois ela não contradiz o testemunho das Escrituras. Há várias referências bíblicas ao batismo em nome de Jesus, contrapondo-se à voz isolada de Mateus 28:19. A balança do peso da evidência das passagens bíblicas inclina-se para o batismo em nome de Jesus.

Deus prometeu mostrar Suas verdades aos pequeninos que a investigam com oração. E cada vez que uma verdade questionada, descrida e desprezada pela grande maioria dos teólogos e  líderes religiosos é descoberta pelos humildes seguidores de Cristo, cumprem-se as Palavras do Mestre:

“exclamou Jesus: Graças Te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos.” Mateus 11:25.

Portanto, não tomemos como peso de evidência o fato de pastores, líderes de igreja, doutores em teologia e outros estudiosos e pregadores famosos da Bíblia não aceitarem o testemunho das Escrituras sobre este assunto do verdadeiro batismo. Não permitamos que a influência de nenhum destes homens, nem a de todos em conjunto, nos retire a pérola da verdade bíblica do coração, achada após estudo fervoroso com jejum e oração. Seja a Palavra de Deus nosso único guia de fé e prática, e não os ensinos dos homens. Que a Escritura se cumpra a nosso respeito:

“Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus.” João 6:45.