Liberdade Religiosa e Individualidade vs Babilônia
Por A.T. Jones
INTRODUÇÃO
O DEUS da individualidade e da liberdade não permitirá que o princípio divino e direito à individualidade e liberdade na fé e na verdade, que Ele tem operado tão maravilhosa e constantemente ao longo desses séculos para tornar claro e manter, seja sempre combatido e rebaixado, deixado de ser reconhecido e mal representado pela igreja e pelo povo cristão. Não, esta verdade, esta esplêndida verdade, que é a verdade fundamental e coroadora da própria existência da igreja cristã e do próprio cristianismo — essa divina verdade vencerá e assegurará para sempre o seu divino lugar perante o mundo e na igreja.
Aqueles que esposam essa verdade fundamental e divina da religião e igreja cristã serão, eles próprios, agora e sempre, como foram no princípio, a verdadeira igreja cristã no mundo, e comporão aquela “igreja gloriosa” que CRISTO, que Se deu pela igreja, “santificará e purificará com a lavagem de água pela Palavra”, a fim de que por ocasião de Seu glorioso aparecimento “possa a apresentar a Si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito”.
Religião é “o dever que temos para com o nosso Criador e a maneira de dEle nos desincumbir desse dever”.
Liberdade “é o estado de ser, isento do domínio de outros, ou de circunstâncias limitadoras. Em ética e filosofia, o poder em qualquer agente racional de fazer suas escolhas e decidir por si mesmo sua conduta, espontânea e voluntariamente, de acordo com razões ou motivos”.
Liberdade Religiosa, portanto, é a isenção do homem da dominação por outros, ou de circunstâncias limitadoras; a liberdade do homem para fazer suas escolhas e decidir sua conduta por si mesmo, espontânea e voluntariamente; em seu dever para com o seu Criador, e no modo de desincumbir-se desse dever.
Uma vez que DEUS criou o homem, na natureza das coisas, o primeiro de todos os relacionamentos é aquele que tem que ver com DEUS; e o primeiro de todos os deveres não poderia ser nada mais que o dever para com DEUS.
Suponha-se um tempo em que houvesse somente uma criatura inteligente no universo. Ele foi criado; e seu relacionamento para com o seu Criador, seu dever para com Ele, é o único que poderia possivelmente ser. Esse é o primeiro de todos os relacionamentos que possivelmente possam existir. Portanto, está escrito que “o primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, ó Israel, o SENHOR nosso DEUS é o único SENHOR; amarás o SENHOR teu DEUS de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento, e de toda a tua força”.
Tudo quanto há da parte de qualquer alma é primeiro de tudo devido a DEUS, pois tudo veio de DEUS. Este, portanto, é o primeiro de todos os
mandamentos, não porque é o primeiro já concedido pela palavra falada ou escrita, mas porque é o primeiro que poderia possivelmente ser. E isso devido a ser a expressão do primeiro princípio da existência de qualquer criatura inteligente. O princípio lá estava, inerente à existência da primeira criatura inteligente, no primeiro momento de sua existência; e lá o princípio jaz eternamente, não modificado e sem dissipar-se.
Agora, conquanto esse seja o primeiro de todos os relacionamentos possíveis, e o primeiro de todos os deveres; conquanto esse relacionamento e dever sejam inerentes à própria existência das criaturas inteligentes, contudo, mesmo nessa obrigação inerente, DEUS criou toda criatura inteligente livre — livre para reconhecer tal obrigação ou não, livre para desincumbir-se desse dever ou não, como prefira.
Nesse aspecto, está escrito: “Escolhei hoje a quem servireis”. “Quem quiser, tome de graça da água da vida”. Assim, é absolutamente verdadeiro que em religião—no dever que temos a cumprir para com o Criador e o modo de desincumbir-nos dele —DEUS criou o homem inteiramente “isento do domínio de outros e de circunstâncias limitadoras”; criou-o livre “para fazer sua escolha, e decidir sua conduta por si mesmo, espontânea e voluntariamente”. Assim, a liberdade religiosa é o dom de DEUS, inerente ao dom da própria existência racional.
Qualquer serviço a DEUS que não seja escolhido livremente por aquele que o presta, não pode ser de DEUS; porque “DEUS é amor”: e amor e compulsão, amor e força, amor e opressão nunca podem caminhar juntos. Portanto, qualquer dever, qualquer obrigação, seja o que for oferecido ou prestado a DEUS que não proceda da própria livre escolha do indivíduo, não pode nem ser de DEUS, nem para DEUS. Nesse aspecto, quando o SENHOR criou qualquer de suas criaturas— anjo ou homem—a fim de que essa criatura pudesse ser feliz no serviço de DEUS, e a fim de que houvesse virtude em prestar serviço ou culto a DEUS, criou-a livre para escolher assim fazer. E isso é individualidade, e o divino direito dela.
DEUS criou o homem livre. Quando o homem foi, pelo pecado, separado desta liberdade e a perdeu, CRISTO veio para restaurá-lo plenamente a ela. O caminho de DEUS e de CRISTO, portanto, é o da liberdade. E a obra de DEUS mediante CRISTO com a humanidade em toda a história do mundo tem sido tornar claro esse caminho, para dar ao homem a absoluta segurança dessa “liberdade de alma” que é a única verdadeira liberdade. Aquele a quem o Filho torna livre, é verdadeiramente livre.
Nas Escrituras são dadas distinta e claramente seis lições específicas sobre esse tema de liberdade religiosa—a liberdade da alma individual contra o domínio do homem e combinações de homens nos poderes do mundo. Cada uma dessas lições trata com o assunto sobre um princípio distinto e específico. E as seis lições, tomadas juntas, cobrem completamente toda a extensão de cada princípio.
Propomos agora atentar para estudo especial, essas seis lições separadamente e em sucessão, como dadas nas Escrituras. A luta pela liberdade religiosa não está ainda concluída. A liberdade religiosa completa não é reconhecida ainda, mesmo em princípio, e muito menos na prática, até mesmo pela massa de cristãos, como é tornado perfeitamente claro nas Escrituras.
Vinde, pois, estudemos e conheçamos para que possamos ter completa liberdade religiosa, em princípio e em experiência, como constam nas Escrituras da verdade.